31.1.09

É sabido

Cócoras. Não sei o que faço. Um jornal pra ler, o Macunaíma pra ler, vinte textos pra corrigir. Que riso! Amanhã será domingo e hoje é a balada de um amigo. Eita vida. Comer é tão bom e jajá é horinha do almoço. Logo mais a maternidade que ver é bom e que o Tiagão conhecerá com aqueles olhos de quem nunca viu nada. Ô saudade desse moleque que eu também nunca vi! Tudo em preguiça neste sabadão de sonhos, tudo feito aos pouquinhos, misturado, começado nas coxas, tudo na mais linda e condente maravilha. Tudo vai acabar saindo, a gente sabe, é a lei da vida, e tem gente besta que duvida.

26.1.09

24.1.09

Nossa anunciação

Liberem as ruas, preparem as flores, ensaiem as músicas
Purifiquem os rios, enfeitem as casas, reformem as praças
Decorem poemas, relembrem histórias, inventem aventuras
Chamem os amigos, exercitem os risos, apurem seus carinhos

Tudo isso é necessário,
tudo isso será pleno,
tudo isso será nosso

Remontem o passado, resgatem o futuro, se esbaldem do presente
Utilizem mãos nuas na sova da massa que descansaremos ao sol
Tirem um cochilo, esperem sentados, gritem para ter coragem
Cada um a seu modo, cada um com seus cabelos e o mundo da cor dos seus olhos

Tudo isso entre nós
Que nos amamos de amor e ódio
E nessa terra seguimos juntos

Aquilo que esperávamos, aquilo que queríamos, aquilo que não acreditávamos nosso
Aquilo que fugia, aquilo que não se sonhava, aquilo que não tinha nome
Está a caminho, meu Deus, está a caminho, meus amores, está a caminho, meus queridos!

Seu nome é Tiago, passa bem e é um menino.
Impávidos e apavorados, esperamos sua chegada

E tocamos a vida a dois metros do chão
Como se tudo permanecesse igual e como se ainda não soubéssemos
Que a vida é mágica, indescritível, faz promessas e nos entrega seus milagres.

Espera

(Escrito pelos idos de novembro...)

Nós lhe esperamos, menino ou menina
Bagunceiro ou bagunceira
Calada ou calado
Olhos mel ou noturnos como os da sua mãe

Nós te esperamos porque estamos aqui e somos 100% coração
Porque não sabíamos, mas era isso
Porque estávamos desatentos e você nos avisou de tudo
Com essa voz que não sabemos fina
Que não sabemos manhosa
Mas que escutamos, minuto a minuto,
num sonho que a gente não precisa dormir para encontrar

Quando chegar, estaremos os mesmos
Não saberemos o que fazer, e faremos
Nem o que lhe dizer e não vai faltar palavra
E que língua é essa em que as pessoas pequenas que ainda não têm idiomas costumam revelar segredos?

Também vamos contar nossas histórias, sabe?
Não tenha dúvida que vamos te ensinar a tropeçar na vida, a fazer burrada, a se arrepender, a ter coragem, a ter medo, esse monte de coisa que acorda de manhã com a gente e que às vezes não dorme de noite

Não tenha dúvida que vamos brincar, brigar, correr, sonhar junto, e que eu e a Cris vamos querer pra você tudo o que a gente não teve, e que vamos fazer de tudo pra que você esteja mais preparado que a gente, mais aberto, mais confiante, mais humano, mais à flor da pele, mais integrado, mais envolvido no mundo

Essa coisa de bicho do mato, que eu tenho, se Deus quiser, você não pega. Mas há de pegar meu carinho, minha imaginação e meu gosto pela poesia em todos os seus aspectos. Da Cris, pode pegar o que quiser, que eu amo tudo. Particularmente a divindade de ser entregue, de não saber nunca amar pela metade

Agora, neném, não se assuste com esse monte de asneiras, com esses pedidos, com essa enxurrada de recomendações! Nós estamos aprendendo, tá, e, nossa!, como é doida essa coisa toda! Como a gente respira e parece que tá sempre com o peito apertado!

Mas dia-a-dia a gente vai tentando, vai prestando atenção e vai pegando o jeito. Daqui a pouco você vai ver, vai nascer de boa e cair nos nossos braços. A Cris já prometeu mordidas e, quanto a isso, acho que não serei proteção.

Clarice ou Tiago, Tiago ou Clarisse, os sete meses que faltam são de mentirinha! Você já nasceu faz tempo no nosso coração.