30.8.11

Não tem remédio

A vida não escorre pelos vãos dos dedos
Atravessa as mãos
E ela não escolhe, não para, não planeja
A dor de cabeça, essa sim, pode vir, passar, ficar mais um pouco, deixar um recado
A vida não, essa toca o foda-se

A idade é áspera e cada dia é mais grossa
O relincho da gente não acorda ninguém
A poesia às vezes aparece, igual a dor de cabeça
Mas é moderninha igualzinho, sempre foi, não curte esquentar a cama

Meus colegas, se os tenho, esses sabem das coisas
Escrevem verdades, libertam escravos, amam pela noite afora
Às vezes tenho até inveja deles
Se a vida não fosse tão vã, até diria que eles devem estar certos
Mas eu não tenho essa certeza, desculpem, já nasci meio morto

Aquela febre, sabe? Tomei Doril.