2.9.07

Licor de amora

Tenho faltado a encontros e amigos
Preparo uma canção que nunca termino
Tão ausente que não seria surpresa se um dia eu mesmo batesse à minha porta

Prometo que isso acaba, que esse tempo passa
E passa mesmo
Mas vem outro inevitável
Brilhante e trágico
Heróico e solitário
E ninguém saberá se ganhei, se perdi, sequer se estive na luta

Acumulo coisas, quase todas inúteis. E essas são as de que mais gosto.
Uma utilidade qualquer e já ameaço me achar vencido
Desisto da brincadeira, levo a bola para casa
Não respondo à provocação, foda-se!, eu não estava nem aí mesmo
Talvez nem seja marcha essa canção que eu escrevo

Agora gargalho, paspalho, enciumado
Todos estão na roda e eu com o lápis na mão
- Ódio profundo, inveja mortal -
As moças revoltam-se em seus vestidos rodados
Eu sem palavra e dinheiro repasso a canção infinita

Encontrei este herói sórdido que só vence quando fracassa
Que nasceu com índole má e se sabota com amor estranho
Sua melhor palavra é o silêncio, seu grande feito é a ausência
Sua paciência diz “bom dia!”, enquanto naufraga um navio

Encontrei este conhecimento, esta alma sem corpo
Este ímã que atrai a palavra que agita
Torvelinho, remoinho, olho furado, buraco negro
Consciência direcionada de sempre saber-se ausente

Terra circulante embriagada e seca
Me aproximo, abraço e não causo pavor algum
Trago um recado esperado
Escrito no esquecimento
Numa língua que não conheço
Sobre um absurdo indescritível

Ninguém mais escuta e todos estão atentos
O vácuo se projeta e nem suga e nem apaga as lâmpadas
Noite perfeita para uma nova desgraça

Comemorem, amigos, pois a tristeza já foi sitiada!
Outra batalha, uma noite a menos
É possível sim, alguém viu dentro dos olhos dela!
Agora temos o vinho e todo esse chopp nos copos
Agora temos o canto e os anjos que sobem ao palco
A tristeza se amarfanha ainda mais, ruboresce, se constrange
Tão companheira e a gente faz isso com ela!
Hahahá, gargalhamos, os vencedores!
Hahahá, meus amores, minhas amoras!
O escarlate saboroso se espalha entre as mesas todas!
É fruta doce e tropical, mas seu aroma é o do sangue do inimigo.
Um brinde a essa delícia, um brinde!
Nossa senhora, como essa coisa é gostosa!

5 comentários:

Anônimo disse...

uau!
viva as amoras né!
inspiradíssimo!
beijo!

Anônimo disse...

que cuzão!
comentários regulados então!?
hahaha
flw querido!
e sem essa vai!

Anônimo disse...

isso aí!!
abaixo a moderação de comentários!!
hahaha
beijão Almir!!
bela semana pra ti!

almir teixeira disse...

ok, ok, desregulados agora. kkkkk. afinal, esse povo que não dorme merece ter seus resmungos ecoados às 4 da matina. sempre pensei isso. kkk. sério, sempre pensei....

Bruna Pires disse...

Suiiii
Reflexaivamente Sui